Agência de defesa do consumidor dos EUA adverte que não haverá mais 'carimbo de borracha' para fusões bancárias
Rohit Chopra, diretor do Departamento de Proteção Financeira do Consumidor dos EUA (CFPB), testemunha diante de uma audiência do Comitê de Assuntos Bancários, Habitacionais e Urbanos do Senado sobre o "Relatório Semestral do Departamento de Proteção Financeira do Consumidor ao Congresso" em Washington, EUA, 13 de junho de 2023. REUTERS/Leah Millis
20 Julho (Reuters) - Os credores norte-americanos que esperam aprovações fáceis de fusões após a crise bancária de março deveriam, em vez disso, esperar um escrutínio rigoroso por parte dos reguladores preocupados com a estabilidade financeira, disse à Reuters o diretor do Consumer Financial Protection Bureau (CFPB).
Rohit Chopra também disse em uma entrevista que a agência estava avançando com os esforços de fiscalização, apesar das múltiplas suspensões impostas por juízes federais em litígios do CFPB devido a uma contestação perante a Suprema Corte.
"Os bancos podem esperar uma revisão mais rigorosa dos pedidos. A tinta do carimbo secou e... minha esperança é ver uma mudança dos reguladores na mudança de líder de torcida para árbitro", disse Chopra, que também tem assento no conselho da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), que desempenha um papel central no processo de aprovação de fusões bancárias.
O tom de Chopra contrasta com o da secretária do Tesouro, Janet Yellen, e do controlador interino da moeda, Michael Hsu, que nas últimas semanas pareciam receptivos a acordos para ajudar a estabilizar o problemático setor bancário de médio porte, que este ano viu três dos quatro maiores de todos os tempos. Falências bancárias dos EUA.
Entretanto, os executivos dos bancos queixam-se de que a lentidão dos reguladores e a incerteza causada pelas iminentes reformas regulamentares reduziram a actividade de fusões entre bancos saudáveis para mínimos históricos.
“Não há dúvida de que as decisões anteriores sobre fusões não atingiram o nível de rigor analítico que deveriam ter”, disse Chopra, recusando-se a citar exemplos específicos.
A venda do falido First Republic Bank (FRCB.PK) em abril para o maior banco do país, o JPMorgan Chase (JPM.N), permitiu que o gigante de Wall Street crescesse ainda mais, apesar de uma lei que proíbe a concentração de mais de 10 % dos depósitos do país em um único credor. Isso provocou a ira da senadora democrata Elizabeth Warren, que ajudou a criar o CFPB e apoiou Chopra para o cargo de diretora.
Os reformadores financeiros do Partido Democrata opõem-se a permitir que os bancos sejam “demasiado grandes para falir”.
O JPMorgan reportou na semana passada lucros recordes no segundo trimestre, reforçados em parte pela aquisição da First Republic, que os reguladores aprovaram ao abrigo de uma excepção legal para a venda de bancos sob administração judicial e porque a sua oferta envolveu o custo mais baixo para o fundo de seguro de depósitos do governo.
“Certamente há uma série de dúvidas sobre se esse resultado semelhante é ideal no futuro”, disse Chopra, observando que havia outros licitantes além do JPMorgan.
Chopra pediu em maio que o FDIC adotasse mudanças nas diretrizes para fusões bancárias. Ele se recusou a discutir possíveis mudanças, mas disse que o processo de aprovação já estava evoluindo, citando uma revisão das diretrizes para fusões bancárias realizada em 2022.
Observou, num caso recente, que a FDIC não permitiu atrasos em desinvestimentos destinados a resolver questões de concorrência ou a impor cláusulas de não concorrência a funcionários que pudessem procurar trabalho em bancos rivais.
O CFPB enfrenta um desafio do Supremo Tribunal relativamente à constitucionalidade do seu financiamento, levando os juízes federais a congelar pelo menos seis dos 20 casos de execução pendentes da agência até que a questão seja resolvida, de acordo com os registos do tribunal federal.
“Não há dúvida de que certas incertezas jurídicas podem levar a litígios mais prolongados ou prolongados”, disse Chopra.
“Apesar disso, continuamos a obter resultados reais”, disse ele, observando as recentes ações tomadas contra o Bank of America, o Wells Fargo e outros, “mas isso certamente não ajuda”.
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